segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

11/Jan. - Carretera Austral


Após uma bela noite de sono na base fronteiriça estávamos novamente em pé para encarar um novo dia que não seriam nem um pouco menos emocionantes que o anterior. Como informado pelos militares, à fronteira abriria às 8hs, então guardamos nossos sacos de dormir, esvaziamos um bidon (na Argentina galão se chama bidon) e fomos dar baixa na papelada, seguindo a fronteira Chilena em Paso Roballo.

Nesta fronteira mesmo estando em um local ermo, não tivemos nem um problema em passar pela aduana, fomos bem atendidos, verificaram superficialmente o carro, verificaram que tínhamos um bidon com combustível mas não reclamaram e nos liberaram. Porem havia um problema!

Como constatado na noite anterior, literalmente estávamos sem freios e como o cabo de aço havia se rompido bem na alavanca e não tínhamos um alicate, era impossível conferir o nível do fluido de freio ou completá-lo, esperávamos providenciar o seu concerto na cidade mais próxima Cochrane, porem torcíamos que o caminho até lá fosse tranquilo, quanto engano...

  


      
Após tomarmos café da manhã à beira do rio Chacabuco em uma estrada linda e bela as coisas foram se complicando, primeiramente pelos grandes guanacos e seus filhotes em bandos na estrada, assim tínhamos que reduzir a velocidade muito antes e ficar atentos já que os guanaquinhos estavam atentados, posteriormente após toda subida, existia uma íngreme e estreita decida ao pé de um penhasco, altamente promissora para a digestão, e fomos neste sobe e desse até Cochrane, lá chegando o Christian entrou em contato com o Zé Luiz da Status Lada, porem como não tinha todas as ferramentas, procuramos um mecânico para neutralizar um dos flexíveis, mas isto só seria possível após a siesta, neste meio tempo conseguimos abrir o capo, retirando a trava e o cabo de aço para que tivéssemos fácil acesso ao motor.

Após almoçarmos o prato local: brotões com renda (feijão branco, espaguete, carne de panela e molho vermelho) alias um prato muito saboroso, e flexível neutralizado mesmo com os freios não estando a 100%, seguimos para mais um longo percurso. Embora 298km fosse um percurso curto, a dificuldade ao longo da Carretera Austral, faria toda a diferença. Como estávamos no clima, não poderíamos deixar de dar carona a mais um mochileiro, apresentamos Neal Marsden, um inglês que não fala uma palavra se quer em espanhol, de mais de 50 anos, que já passou pela Amazônia, Peru, outros países e esta no Chile, detalhe só pedindo carona, e que conforme suas informações: saiu por um tour pela América Latina por seis meses antes de retornar a Inglaterra, Este senhor é corajoso!!!

  
  
A Carretera é simplesmente fantástica! Uma lugar intocável de rara beleza e até mesmo pré-histórica, pelos enormes antulhos e suas gigantescas arvores, algumas petrificadas, tanto é que o Christian podia acreditar que após a próxima curva ou montanha avistaríamos um dinossauro.

Após despedirmos do nosso ultimo mochileiro em Puerto Tranquilo, só deu pra chegar por volta das 23hs na Villa Cerro Castilho em virtude da dificuldade do trajeto passando por lindos desfiladeiros e reservas florestais, para variar como nada é perfeito o nosso farol alto deu pau, ou seja, se ativássemos ele, ao desativá-lo os faróis não funcionavam mais, assim fomos de farol alto na cara de quem passasse por nós até a Villa, lá chegando fomos atrás de um local para pernoitarmos, infelizmente não encontramos nada e nem lugar aberto para jantarmos, só nos restando parar em uma rua com pouca iluminação.

Na noite que se seguiu fatos inusitados ocorreram. Primeiro a Mírian agitada informando que um coelho estava sobre o capo, mas na verdade era um gato! Vozes na escuridão, mas como a Mírian estava falando dormindo rsss... ficava confuso saber se havia alguma movimentação do lado de fora ou se eu estava sonhando, porem um assovio, o gato correndo nos pedregulhos, após reclamar bastante e conceguir sair do carro com a lanterna que a Mírian não sabia onde deixará e sem a presença de ninguém por perto, um rasgo de pouco mais de duas polegadas na lateral do pneu frontal do lodo direito foi o que encontrei, só nos restava então aguardarmos até o dia seguinte...




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