terça-feira, 3 de maio de 2011

23/Jan. - Um dia repleto de emoções

Após percorrermos um longo caminho repleto de histórias e aventuras, amanhecíamos em nosso último dia de jornada na Argentina, restavam apenas 539km até Uruguaiana, algo normal e totalmente possível, porem o dia prometia muita emoção, não apenas por retornarmos a nossa casa Brasil, mas devido aos diversos acontecimentos do dia.

Acordamos cedo e fomos tomar o café da manhã, até ai tudo bem, mas de repente! Vimos no noticiário matinal que a província de Entre Ríos estava com protestos dos ruralistas, a polícia estava em greve, o exercito estava na rua para manter a ordem, e que ainda havia uma grande possibilidade dos ruralistas fecharem as principais estradas em mais um dia de protesto. Ficamos preocupados, não tínhamos conhecimento da dimensão dos fatos, e sabíamos que teríamos um bom trajeto a percorrer nesta província, praticamente a cortaríamos ao meio, assim não podíamos perder tempo.


Seguimos para Santa Fé, lá chegando paramos para fazer algumas comprinhas de “cerveza Quilmes” e deliciosas cerejas, alias quem vier para estas terras, não deixem de saborear esta deliciosa fruta. Seguíamos viagem sempre com o auxílio de um mapa e do GPS, sedo de muita utilidade ainda mais quando se cruzava uma grande cidade, aos poucos nos sentíamos mais próximos do nosso Brasil, estava tudo calmo, não havia protestos ao longo do caminho, e íamos avançando sem pressa, passamos por algumas barreiras policiais que não estavam ativas, mesmo existindo um ou outro policial, porem na última barreira policial, a única ativa até o momento, podemos constatar o que muitos já haviam falado da província de Entre Ríos, o policial simplesmente pediu um dinheiro para o café na cara dura, a Mírian não acreditava no fato até que me viu dando o dinheiro.

Após esta barreira ficamos mais aliviados, acabávamos de passar pela última barreira e era questão de tempo até chegar a Uruguaiana, triste engano! Faltando menos de 30km, por volta das 17h, nos deparamos com um posto do exército, infelizmente éramos os únicos na pista e fomos parados, pediram a habilitação e a carta verde, detalhe... a carta verde havia vencido na sexta-feira. O militar efetuou a contagem e verificando o vencimento, solicitou que o acompanhasse até o seu superior, foi muito portunhol, durante cerca de meia-hora se seguiu um verdadeiro impasse, se aplicariam a multa, mas não poderiam aplicar tal multa, ou aprenderiam o veículo, mas também não tinham como mantê-lo no local, o sargento se limitou a falar que a carta verde era muito importante e lavou as mãos, coube ao militar que se sentiu pressionado a tomar uma decisão, e assim foi até que outro militar bateu no vidro da janela de fora, solicitando uma posição já que outros militares haviam ido até a Mirian, que estava no carro, para saber se estava tudo bem.

Finalmente veio o veredicto, ele iria nos liberar, porem informou que deveríamos tirar uma nova carta verde antes de cruzarmos a fronteira. Ao chegar no carro, contei o ocorrido informando que tínhamos sido liberados e que deveríamos tirar uma nova carta verde antes de cruzar a fronteira; em pleno domingo, pelo horário só estaríamos na cidade por volta das 20h, sendo praticamente impossível providenciar tal documento!


Chegando em Paso del Los Libres, simplesmente não encontrávamos a fronteira, entramos quase no meio de uma favela, nos perdemos pelo centro e não utilizávamos mais o GPS por achar que ele estava ajudando a se perder mais ainda, tínhamos um plano, já que não teria como emitir uma nova carta verde, o plano era chegar o mais próximo da fronteira e a Mírian seguindo a pé, verificaria se seria possível cruzarmos de carro; porem o tempo ia passando e a noite começava a cair, o que aumentava ainda mais nosso desespero. Em mais um momento de sorte, nos deparamos com uma Parati com placas de Uruguaiana, então saímos como loucos atrás do veículo, até que ele parou e nos atendeu.

Era um argentino que morava em Uruguaiana, ele nos informou que não seria necessário tirar uma nova carta verde e que na fronteira não pediriam este documento, assim se ofereceu como guia até a fronteira, e se ele não tivesse aparecido, levaríamos muito mais tempo até encontrá-la. Lá chegando continuamos seguindo o argentino, porem ele era conhecido do pedaço e passou, já nós fomos parados, no momento só pediram que retornássemos e déssemos baixa nos passaportes, após uma verdadeira muvuca de turistas, conseguimos dar baixa no passaporte, rezando que não solicitassem a tal carta verde, tudo Ok, seguimos novamente para a cancela, com alguns carros a nossa frente, ficamos aguardando até nossa hora, só que não seria fácil!

Apareceu um rapaz que ficou nos observando, olhando, até que deu alguns passos e se identificou: “Receita Federal, encosta ali!” É o rapaz pediu permissão para olhar o carro, verificou algumas malas, perguntou se gostaríamos de declarar alguma coisa sem ser a cerveja, e após uns 20 minutos ele nos liberou, como o militar da fronteira já tinha nos atendido, ele se dirigiu até o nosso encontro verificando os passaportes, nos liberando em seguida, após finalmente cruzarmos a fronteira e a ponte, estávamos em casa. Meu pai foi a primeira pessoa com quem falamos por telefone logo que cruzamos a fronteira, ele ligou para saber se já tínhamos chegado, após informarmos que estava tudo bem, seguimos para o hotel Fares Turis, que o Nô havia indicado quando passou por Uruguaiana.


Finalmente terminávamos o agitado domingo, no Brasil, na praça central, regado a um bom chopinho....


Um comentário:

  1. PARABÉNS PELA BELÍSSIMA VIAGEM E PELO NOVO MEMBRO DA FAMÍLIA QUE JÁ VEM AVENTUREIRO!!!! ABRAÇO A TODOS SÉRGIO PITAKI CURITIBA

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